Surto de Chikungunya atinge o Rio e penaliza moradores da Zona Oeste.
- Leonardo Azevedo

- 23 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de abr. de 2019
Não demorou muito para que os resultados de uma demissão em massa de funcionários da saúde fossem mostrados: em um mês, o número dos casos de chikungunya dobrou e já passou de 13 mil. No foco dessa explosão está a Zona Oeste da cidade. Sempre alvo de descaso e esquecimento por parte do poder público, foi justamente nela o maior número de demissões de agentes comunitários, ainda em janeiro de 2019. Os moradores reclamam que não recebem mais visitas desses profissionais, que são essenciais na assistência à saúde nos bairros mais pobres da cidade, fornecendo amparo e adesão à saúde básica.
O surto de Chikungunya, doença transmitida pelo Aedes Aegypti, mosquito também responsável pela transmissão da Dengue e Zika, mostra também a importância dos agentes de saúde comunitária na manutenção dos ambientes públicos, já que o mosquito se reproduz na água parada, facilmente encontrada em lixões, terrenos e móveis abandonados.

No dia 23 de janeiro a Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz (ASFOC) lançou uma nota de repúdio ao que chamou de "política de demissão em massa dos trabalhadores da saúde e desmonte do SUS pelo prefeito Marcelo Crivella". Em agosto de 2017 a ASFOC já havia lançado uma nota de repúdio ao governo municipal por ameaçar fechar 11 Clínicas da Família na Zona Oeste e também a emergência psiquiátrica do Instituto Municipal Phillippe Pinel.
A Zona Oeste é a mais populosa do Rio de Janeiro, onde estão quatro dos cinco bairros mais populosos da cidade (Campo Grande, Bangu, Santa Cruz e Realengo). A região também tem o menor IDH entre todas as regiões e é foco dos políticos durante as eleições, que prometem resolver os vários problemas dessa região.
A mobilização popular pode ser a solução
Achar que a solução é simples ou virá de maneira rápida pode ser um equívoco. Além disso, é provável que seja necessário mobilizar a sociedade para que a resolução seja eficaz e permanente.
Nadando nessa corrente de utilizar a mobilização social como fator fundamental no combate ao mosquito, podemos citar Água Branca, uma cidade do Piauí com 16 mil habitantes e que está localizada a 150 km da capital, Teresina. Água Branca iniciou em 2013 um sistema de "sinalização de bom cuidador", que consistia num selo recebido por cada casa. Este selo poderia ser verde, indicando que naquela casa não há larvas. Há também o selo amarelo e o vermelho, que indicam as casas sem larvas mas com acúmulo d'água e as casas com larvas, respectivamente.
Numa medida relativamente simples iniciada em 2013, a Secretaria de Saúde da cidade colocou os cidadãos para se esforçarem pela obtenção do selo verde, sinalizando a todos os vizinhos o bom morador que é. É claro que a colaboração entre agentes de endemia e agentes de Saúde da Família foi uma ferramenta essencial nesse projeto, que deu tão certo que virou lei na cidade, para que não seja descontinuado em futuros governos. Em 2015, Água Branca teve apenas sete casos de dengue.

Voltando ao Rio, aqui outras medidas já foram usadas como totens com armadilhas para mosquitos, carros-fumacês, rondas de agentes comunitários nos bairros-foco, entre outras. Apesar disso, a cidade sempre teve altos índices de dengue - e agora, chikungunya também.
O Coletivo Ser é composto majoritariamente por moradores da Zona Oeste, que acreditam na força dos moradores desta região e lutarão por ela.







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