Falar sobre agroecologia pode ser difícil. Entender seu significado pode ser um obstáculo maior ainda, principalmente em um país onde o incentivo às práticas e a produção ecológicas deixam a desejar. Por isso, durante os meses de fevereiro e março, membros do coletivo iniciaram uma formação sobre "Agroecologia"para entender melhor os mecanismos que giram em torno deste processo.
O conceito de agroecologia deduz às práticas da agricultura orgânica que visa a agricultura ambientalmente sustentável, minimizando os efeitos socioambientais negativos durante a produção agrícola. Ao mesmo tempo que, preocupa-se com a maximização dos processos de produção e emprego de tecnologias limpas.
Um dos alicerces da agroecologia é a preocupação com a saúde do produtor e do consumidor e com a qualidade da comida que chega em nossas mesas. Sabemos que atualmente, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo, consumindo 7,3 litros por pessoa todo o ano. Esses produtos são nocivos a saúde humana podendo acarretar em diversas doenças como o câncer, problemas neurológicos e podendo até levar à morte. E por isso a agroecologia não faz o uso dos agrotóxicos durante à produção agrícola, buscando utilizar técnicas alternativas para o controle de pragas e doenças. Assim como busca substituir o adubo químico por um manejo da fertilidade do solo através do uso de estercos, compostagens ou adubos verdes, por exemplo, que aumente a fertilidade do solo.
Encabeçada pela voluntárix, Monique Paixão, a formação sobre "Agroecologia" tinha como objetivo colocar os conceitos desta prática agroecológica em debate entre os membros. A formação teve como uma de suas bases de estudo, a websérie documental "VIVA SEM VENENO", que traz relatos e entrevistas de especialistas e produtores que lidam diretamente com a produção ecológica.
Como atividade de encerramento, foi feita uma visita a Feira Agroecológica de Campo Grande, localizada na Avenina Marechal Dantas Barreto. Lá os voluntárixs puderam conversar com alguns produtores locais e conhecer alguns produtos orgânicos e sustentáveis, como o da artesã Fátima Souza, que confecciona manualmente produtos de uso pessoal sustentáveis. Sua barraquinha é uma entre tantas que faz sucesso na feira, possuindo porta canudos, porta talheres, entre outros produtos.
A visita nos fez-nos reflexionar sobre a qualidade do alimento que chega a nossa mesa e sobre a importância do fortalecimento dos produtores locais. Além de trazer uma perspectiva de que a agroecologia é mais do que um método alternativo de produção agrícola, sobretudo é também, um movimento que se preocupa com a relação do consumidor com os processos de produção, com a biodiversidade e que tenta aproximar a produção agrícola de base ecológica do funcionamento da natureza.
Autor: Kaique César Bragé;
Coordenadorx do Coletivo Ser e estudante de engenharia ambiental.